pesar de as mortes maternas serem evitáveis na grande maioria dos casos, os índices desse tipo de mortalidade cresceram 74% no Brasil entre 2019 e 2021. Com proposta para melhorar esse cenário, o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) lança nesta terça-feira (14/03) o Olhar IEPS: “Mortalidade materna: causas e caminhos para o enfrentamento”, documento que apresenta as principais causas e aponta recomendações para reduzir a mortalidade materna no país. Um dos objetivos da publicação é subsidiar a nova gestão do Governo Federal e contribuir com o debate público sobre a saúde das brasileiras.
De acordo com a publicação, o número crescente de mulheres que morrem durante a gravidez ou até 42 dias após o parto está relacionado a fatores circunstanciais, como a pandemia de Covid-19, e a questões históricos e estruturais, como a imprecisão de dados públicos, o perfil ainda intervencionista dos profissionais de saúde e as desigualdades de acesso à Rede de Atenção à Saúde Materno-infantil.
Embora os índices de pré-natal adequado e mortalidade materna tenham melhorado entre 2014 e 2019, a pandemia de Covid-19, iniciada em 2020, alterou essa tendência e agravou os problemas de acesso à saúde que ainda não estavam totalmente solucionados. Nesse período, a mortalidade materna aumentou 89,3%, sendo 53,4% desses óbitos em decorrência de infecção da Covid-19.
Mulheres pretas e indígenas são as principais vítimas de mortalidade materna no país
Considerando o limite razoável de até 20 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número da Razão de Mortalidade Materna (RMM) no Brasil é alto entre todos os recortes sociais. Entretanto, os números de mortalidade variam expressivamente de acordo com as características raciais e socioeconômicas das mulheres brasileiras.
Os dados de 2021, por exemplo, mostram como as desigualdades raciais e sociais impactam os índices de mortalidade materna. Naquele ano, a RMM entre mulheres pretas foi de 194,3 óbitos por 100 mil nascidos vivos e entre mulheres indígenas foi de 140,2 óbitos, enquanto a de mulheres brancas e pardas foi de 123,2 e 101,7 óbitos, respectivamente.
Documento integra as ações da Agenda Mais SUS: Evidências e Caminhos para Fortalecer a Saúde Pública no Brasil
Ao todo, o Olhar IEPS: “Mortalidade materna: causas e caminhos para o enfrentamento” apresenta cinco causas para os altos índices de mortalidade no Brasil e uma série de ações que podem melhorar este cenário. Fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), ampliar o financiamento da Estratégia Saúde da Família (ESF), aprimorar a Saúde Digital no país e promover qualificação em saúde materna para os profissionais da APS são algumas das ações recomendadas pelo documento.
Leia o Olhar IEPS: “Mortalidade materna: causas e caminhos para o enfrentamento” aqui.
Foto: André Borges/Agência Brasília