Emendas no SUS: recursos incertos para despesas permanentes

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O Congresso Nacional aprovou, em junho deste ano, a Resolução n. 2/2025, que autoriza o uso de recursos de emendas de bancada e de comissão para o pagamento de salários de profissionais do SUS. A iniciativa pode fragilizar a execução de políticas públicas, já que os recursos de emendas são, por definição, de caráter voluntário, ficando a critério dos parlamentares a decisão de indicá-los e o valor a ser destinado a cada ano, o que pode trazer imprevisibilidade e volatilidade no recebimento dos recursos.

O Boletim Radar Mais SUS n. 6  - Emendas parlamentares no SUS: recursos incertos para despesas permanentes, elaborado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em parceria com a Umane, apresentou uma análise sobre a regularidade no recebimento de recursos de emendas parlamentares de custeio em saúde dos municípios brasileiros e a flutuação do volume desses recursos, considerando as  implicações para a previsibilidade do orçamento da saúde.

86% dos municípios receberam emendas para custeio em saúde todos os anos analisados; 509 receberam apenas em 2021-2022

4.810 municípios brasileiros (86%) receberam recursos em todos os anos analisados, enquanto 759 municípios  (veja a lista) receberam recursos de forma descontinuada. Desses municípios, 509 receberam apenas em 2021-2022.

MUNICíPIOS QUE RECEBERAM EMENDAS DE CUSTEIO EM SAÚDE, POR REGULARIDADE NO RECEBIMENTO DE EPs

2021 – 2024

Não receberam

todos os anos

Receberam

todos os anos

n° de anos

recebidos

0

1

2

3

4 anos

86%

dos municípios receberam emendas de custeio em saúde em todos os anos entre 2021 e 2024.

Bom Jesus do Amparo, Conceição de Mato Dentro e Passabém (MG) foram os únicos municípios que não receberam recursos de EPs em nenhum dos anos analisados.

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

MUNICíPIOS QUE RECEBERAM EMENDAS DE CUSTEIO EM SAÚDE, POR REGULARIDADE NO RECEBIMENTO DE EPs

2021 – 2024

Não receberam

todos os anos

Receberam

todos os anos

n° de anos

recebidos

0

1

2

3

4 anos

86%

dos municípios receberam emendas de custeio em saúde em todos os anos entre 2021 e 2024.

Bom Jesus do Amparo, Conceição de Mato Dentro e Passabém (MG) foram os únicos municípios que não receberam recursos de EPs em nenhum dos anos analisados.

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

Mato Grosso foi o estado com recebimento mais irregular de emendas de custeio em saúde de 2021 a 2024

O boletim aponta que 4 em cada 10 municípios do Mato Grosso não receberam emendas de custeio em pelo menos um dos anos analisados. O estado foi o que registrou maior instabilidade na frequência de recebimento desses recursos, seguido de Alagoas e Minas Gerais. 

% dos municípios que receberam Emendas Parlamentares de custeio para ações de saúde

(2021-2024)

Não receberam

todos os anos

Receberam

todos os anos

n° de anos

recebidos

1

2

3

4 anos

0

50%

100%

14%

Brasil

86%

como ler

No Brasil, 759 (14%) dos municípios não receberam emendas de custeio em saúde nos 4 anos consecutivos. Entre os que não receberam, 69 receberam por 1 ano, 509 por 2 anos, 178 por 3 anos e 3 em nenhum ano.

Norte

4%

AC

100%

AP

100%

AM

100%

RR

100%

98%

2%

TO

92%

RO

8%

PA

91%

9%

Nordeste

9%

97%

PI

3%

96%

PB

4%

96%

PE

4%

96%

RN

4%

95%

SE

5%

91%

CE

9%

91%

MA

9%

85%

BA

15%

73%

AL

27%

Sul

12%

94%

SC

6%

91%

PR

9%

82%

RS

18%

Centro-Oeste

19%

DF

100%

94%

GO

6%

80%

MS

20%

40%

60%

MT

40%

dos municípios do Mato Grosso não receberam emendas de custeio para ações de saúde em pelo menos 1 dos 4 anos analisados

Sudeste

21%

100%

ES

91%

RJ

9%

79%

SP

21%

75%

MG

25%

Em MG, Passabém, Bom Jesus do Amparo e Conceição de Mato Dentro não receberam emendas de custeio em nenhum dos anos analisados

Sudeste foi a região com o maior número de municípios que não receberam emendas de custeio para ações de saúde durante 1 dos 4 anos analisados

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

% dos municípios que receberam Emendas Parlamentares de custeio para ações de saúde (2021-2024)

Não receberam

todos os anos

Receberam

todos os anos

n° de anos

recebidos

1

2

3

4 anos

como ler

No Brasil, 759 (14%) dos municípios não receberam emendas de custeio em saúde nos 4 anos consecutivos. Entre os que não receberam, 69 receberam por 1 ano, 509 por 2 anos, 178 por 3 anos e 3 em nenhum ano.

0

50%

100%

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Br

86%

Norte

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AC

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AM

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RO

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PA

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Nordeste

9%

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PB

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PE

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96%

RN

4%

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SE

5%

95%

CE

9%

91%

MA

9%

91%

BA

15%

85%

AL

27%

73%

Sul

12%

SC

6%

94%

PR

9%

91%

RS

18%

82%

Centro-Oeste

19%

DF

100%

GO

6%

94%

MS

20%

80%

MT

40%

60%

Sudeste

21%

ES

100%

RJ

9%

91%

SP

21%

79%

MG

25%

75%

Sudeste foi a região com o maior número de municípios que não receberam emendas de custeio para ações de saúde durante 1 dos 4 anos analisados

40%

dos municípios do Mato Grosso não receberam emendas de custeio para ações de saúde em pelo menos 1 dos 4 anos analisados

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

77% dos município que receberam emendas de custeio em todos os anos registraram variação média acima de 30% ao ano

Dos 4.810 municípios que receberam emendas de custeio para Ações e Serviços Públicos em Saúde (ASPS) de 2021 a 2024, 77% (3.703) registraram variações, positivas ou negativas, acima de 30% ao ano no recebimento dos recursos.

Segundo o boletim, 24% dos municípios que receberam emendas em todo o período analisado registraram variação média anual acima de 100%, tanto para mais quanto para menos. Isso significa que de um ano para outro, os recursos destinados a 1.165 municípios podem ter dobrado ou ter sido reduzidos quase integralmente.

VARIAÇãO MÉDIA ANUAL DE EMENDAS PARLAMENTARES ENVIADAS PARA O CUSTEIO DE SAÚDE NOS MUNICíPIOS EM TODOS OS ANOS ENTRE 2021-2024

quanto maior a variação, maior a volatilidade dos valores nos anos

<= 30%

30% - 55%

55% - 100%

> 100%

Os espaços em branco contidos no mapa são referentes aos territórios em que as EPs não foram destinadas em quatro anos consecutivos.

24%

dos municípios apresentaram variação média de recursos de emendas acima de 100%.

 

A alta volatilidade indica um baixo nível de consistência nos valores indicados pelos parlamentares no período.

n° de municípios

por categoria

1.103

<= 30%

30% - 55%

1.331

55% - 100%

1.211

1.165

> 100%

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

VARIAÇãO MÉDIA ANUAL DE EMENDAS PARLAMENTARES ENVIADAS PARA O CUSTEIO DE SAÚDE NOS MUNICíPIOS EM TODOS OS ANOS ENTRE 2021-2024

quanto maior a variação, maior a volatilidade dos valores nos anos

<= 30%

30% - 55%

55% - 100%

> 100%

24%

dos municípios apresentaram variação média de recursos de emendas acima de 100%.

 

A alta volatilidade indica um baixo nível de consistência nos valores indicados pelos parlamentares no período.

Os espaços em branco contidos no mapa são referentes aos territórios em que as EPs não foram destinadas em quatro anos consecutivos.

n° de municípios

por categoria

<= 30%

1.103

30% - 55%

1.331

55% - 100%

1.211

1.165

> 100%

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

53% dos municípios apresentou queda no recebimento de recursos de emendas de custeio para saúde

No período analisado no boletim, mais da metade (53%) dos 4.810 municípios que receberam emendas de custeio para ASPS apresentaram variação negativa, na média de todos os anos analisados.

Por outro lado, no biênio 2023-2024, período eleitoral nos municípios, a maioria dos municípios registrou aumento no volume de recursos de emendas de custeio em saúde. Nesse período, 3.389 (61%) municípios registraram crescimento, enquanto 1.421 apresentaram queda.

como ler

No Nordeste, 31% dos municípios tiveram uma variação positiva de recursos, ou seja, receberam mais recursos entre 2021 e 2022. Enquanto isso, 69% deles tiveram uma redução dos recursos, sendo a região com o maior número de municípios variando negativamente.

VARIAÇÃO DE RECURSOS NOS MUNICÍPIOS QUE RECEBERAM EMENDAS DE CUSTEIO em saúde NOS 4 ANOS CONSECUTIVOS

2021 – 2022

positiva

negativa

Nordeste

Centro-oeste

Norte

Sudeste

Sul

100%

46%

38

45%

40%

31%

33%

0

BR

MS

DF

MT

GO

PR

SC

AP

AM

TO

RR

RO

AC

PA

MG

SP

RJ

ES

RS

SE

PE

MA

PI

AL

PB

RN

CE

BA

-54%

-55%

-60%

-67%

-69%

-62

-100%

2022 – 2023

positiva

negativa

100%

Nordeste

Centro-oeste

Sudeste

Sul

Norte

41%

33

34%

33%

32%

29%

0

BR

DF

MT

MS

GO

AP

AM

TO

RR

RO

AC

PA

PR

SC

MG

SP

RJ

ES

RS

SE

PE

MA

PI

AL

PB

RN

CE

BA

-59%

-66%

-67%

-68%

-71%

-67

-100%

2023 – 2024

positiva

negativa

Nordeste

Centro-oeste

Sul

100%

Norte

Sudeste

77%

80%

70

68%

62%

57%

BR

0

MS

DF

MT

GO

AP

AM

TO

RR

RO

AC

PA

PR

SC

MG

SP

RJ

ES

RS

SE

PE

MA

PI

AL

PB

RN

CE

BA

-20%

-23%

-32%

-38%

-30

-43%

-100%

80%

dos municípios do Nordeste tiveram uma variação positiva entre 2023 e 2024, sendo a região com a variação mais positiva do biênio.

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

VARIAÇÃO DE RECURSOS NOS MUNICÍPIOS QUE RECEBERAM EMENDAS DE CUSTEIO em saúde NOS 4 ANOS CONSECUTIVOS

2021 – 2022

positiva

negativa

como ler

No Nordeste, 31% dos municípios tiveram uma variação positiva de recursos, ou seja, receberam mais recursos entre 2021 e 2022. Enquanto isso, 69% deles tiveram uma redução dos recursos, sendo a região com o maior número de municípios variando negativamente.

Nordeste

Norte

100%

38

31%

33%

0

BR

SE

PE

MA

PI

AL

PB

RN

CE

BA

AP

AM

TO

RR

RO

AC

PA

-67%

-69%

-62

-100%

Centro-oeste

Sudeste

Sul

46%

45%

40%

DF

MT

MS

GO

PR

SC

RS

MG

SP

RJ

ES

-54%

-55%

-60%

2022 – 2023

positiva

negativa

100%

Nordeste

Norte

33

33%

29%

0

BR

AP

AM

TO

RR

RO

AC

PA

SE

PE

MA

PI

AL

PB

RN

CE

BA

-67%

-71%

-67

-100%

Centro-oeste

Sudeste

Sul

41%

34%

32%

DF

MT

MS

GO

MG

SP

RJ

ES

PR

SC

RS

-59%

-66%

-68%

2023 – 2024

positiva

negativa

Nordeste

100%

Norte

77%

80%

70

BR

0

AP

AM

TO

RR

RO

AC

PA

SE

PE

MA

PI

AL

PB

RN

CE

BA

-20%

-23%

-30

-100%

Centro-oeste

Sudeste

Sul

68%

62%

57%

MS

DF

MT

GO

MG

SP

RJ

ES

PR

SC

RS

-32%

-38%

-43%

80%

dos municípios do Nordeste tiveram uma variação positiva entre 2023 e 2024, sendo a região com a variação mais positiva do biênio.

Fonte: Fundo Nacional de Saúde (FNS)

Confira a lista de municípios que não receberam emendas de custeio em saúde em ao menos um ano entre 2021 a 2024

Confira a metodologia utilizada no Boletim Radar Mais SUS n. 6  - Emendas parlamentares no SUS: recursos incertos para despesas permanentes

Como citar:

Instituto de Estudos para Políticas de Saúde & Umane (2025). Boletim Radar Mais SUS n. 6 – Emendas parlamentares no SUS: recursos incertos para despesas permanentes. Brasília: Instituto de Estudos para Políticas de Saúde.