Outrora iniciativa exemplar no mundo, o programa brasileiro de prevenção e tratamento da aids deverá perder R$ 407 milhões no ano que vem, cortados no Orçamento do Ministério da Saúde por um governo que tem outras prioridades. Ao todo, a pasta da Saúde corre o risco de sofrer cortes de R$ 3,3 bilhões, de acordo com relatório do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) e da associação independente Umane.
Para ter uma ideia da eficácia do programa brasileiro de prevenção, controle e tratamento da aids, o SUS começou a fazer a distribuição gratuita dos primeiros coquetéis de antirretrovirais em 1991, e oito anos depois as mortes haviam caído 50% e as infecções oportunistas contraídas pelos soropositivos 80%. Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2010 a 2020 a mortalidade por aids caiu 30%. Mas o vírus continua a circular na população. Qualquer recuo provocado pela facada orçamentária aumentará o contágio e as mortes.