Por Cinthya Leite
Eleita a primeira mulher a comandar Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), ex-prefeita de Caruaru (Agreste do Estado), teve 59,7% dos votos válidos no segundo turno. Ela assumirá o Executivo estadual no dia 1º de janeiro de 2023, ao lado da vice, Priscila Krause (Cidadania). Elas formam a primeira dupla de mulheres eleitas para governar um Estado no Brasil.
Agora, elas têm, entre milhares de missões, a tarefa de cuidar das feridas vividas na Saúde de Pernambuco e que foram escancaradas com a maior crise sanitária em escala global deste século.
No seu plano de governo, Raquel Lyra reconhece que o desafio se intensificou com as consequências da pandemia. “A maior emergência sanitária vivida por esta geração reafirmou o quanto a nossa rede é mal dimensionada, mal distribuída e carente de profissionais, devidamente qualificados e valorizados, com infraestrutura, equipamentos e insumos capazes garantir as condições básicas para o exercício de suas atividades”, diz Raquel ao apresentar, no plano de governo, o que pretende fazer para .
De fato, não restam dúvidas de que a covid-19 magnificou as tensões da Saúde, e os problemas só aumentam, ao longo do tempo, no Sistema Único de Saúde (SUS).
REDUZIR A FILA DE ESPERA
Um dos efeitos colaterais mais ameaçadores da pandemia é o represamento de serviços não relacionados à covid-19 no SUS. Dessa maneira, um dos mais urgentes desafios de Raquel é diminuir a extensa fila de consultas com especialistas, exames e cirurgias na rede pública.
Ao listar as propostas, a governadora eleita garante que reduzirá a fila de espera por cirurgias eletivas. Para isso, ela diz que vai melhorar a regulação hospitalar e ambulatorial, ampliar o horário de funcionamento de unidades de saúde e contratar serviços por meio do SUS.
REQUALIFICAR A INFRAESTRUTURA FÍSICA DAS UNIDADES DE SAÚDE
Além disso, na Saúde, é preciso olhar para a deficiência na estrutura física dos equipamentos de saúde (postos, unidades de pronto atendimento e hospitais), para a falta de disponibilidade de materiais, equipamentos e medicamentos, como também para a carência e a distribuição de profissionais.
Esse é mais um dos pontos apontados por Raquel Lyra e Priscila Krause no plano de governo. Elas asseguram que, ao longo dos próximos quatro anos, requalificarão as infraestruturas físicas das unidades da rede estadual de saúde.
Elas garantem a manutenção adequada dos serviços, priorizando intervenções em unidades em situação precária. Entre as promessas, desponta a requalificação da infraestrutura dos hospitais estaduais, com prioridade para intervenções emergenciais nas unidades em pior estado, como o Hospital da Restauração, no Derby, área central do Recife, e o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, na Encruzilhada (Cisam), Zona Norte da capital.
REFORÇAR A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Ao se mobilizarem para sanar as chagas da saúde pública abertas por precárias condições de atendimento, Raquel e Priscila precisarão começar a fazer a tarefa de casa a partir de um reordenamento do modelo de assistência à saúde do Estado.
A Agenda Mais SUS, projeto do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e da Umane, revela que Pernambuco assume a 15ª posição no ranking de cobertura de atenção primária à saúde (APS), em comparação com outras unidades federativas.
O levantamento da instituição identifica os principais desafios enfrentados pelo sistema de saúde brasileiro, que se vê diante da necessidade de se preparar para um futuro desafiador.
Ao JC, o IEPS apresentou um recorte estadual de indicadores do setor. Segundo o levantamento do instituto, a cobertura da APS em Pernambuco cresceu na última década. Em 2010, a taxa era de 72%. Dez anos depois, 82% – um crescimento de dez pontos percentuais.
Ainda assim, em comparação com os demais Estados do Nordeste, Pernambuco encontra-se com uma taxa aquém do ideal, com o menor índice de cobertura quando comparado a seus pares.
Em primeiro lugar na cobertura, está o Piauí, com 99%, seguido pela Paraíba (98%), Sergipe (93%), Ceará e Maranhão (empatados com 88%), Rio Grande do Norte (86%), Bahia (84,3%), Alagoas (83,6%) e Pernambuco (82%).
Sim, também será da alçada da governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra, cuidar da atenção primária à saúde (APS) – conhecida como atenção básica. A ela competirá, entre outras atribuições, participar efetivamente na qualificação da APS em parceria com os municípios.
O problema apontado pelo levantamento do IEPS é que os recursos destinados à APS nos últimos anos têm se mostrado insuficientes para cobrir a atual necessidade de serviços.
De acordo com a plataforma E-Gestor AB, do Ministério da Saúde, estima-se que aproximadamente 50 milhões de brasileiros ainda não estão cobertos por serviços da atenção básica. Desse total, 1,7 milhões estão em Pernambuco, o que representa 3,4% da população descoberta pela APS.
Ou seja, sem uma porta de fácil acesso a unidades e profissionais de saúde que trabalhem na prevenção de doenças, no diagnóstico, tratamento e reabilitação.
Nas propostas de Raquel Lyra e de Priscila Krause para a Saúde, está a garantia de reforço à atenção primária, com o fortalecimento da infraestrutura e serviços das redes municipais de Saúde Bucal e do Programa Saúde da Família.
Elas asseguram que criarão as Carretas da Saúde de Pernambuco, com a oferta itinerante de especialidades médicas, consultas, exames clínicos e laboratoriais, assim como pequenas cirurgias e atendimentos à saúde integral da mulher.